quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A rádio junk box

Preambulos
Todo mundo tem um cd player mental. Ou rádio mental, dependendo da geraçao ou da variabilidade musical no decorrer das horas de programaçao. As proximas geraçoes nao terao isso porque elas ja vao nascer com mp3 embutido ou alguma coisa do genero mais avançada. Meu cd player mental tem vontade própria e é muito sensível a interferencias e estímulos externos. Frases, fotos, cheiros -qualquer coisa, por insignificante que pareça pode desencadear cantaçao constante de musiquinhas horriveis e, quanto mais inconvenientes, mais persistentes elas sao, porque se nao, nao ia ter graça. Dizem que a melhor maneira de se livrar do encosto das musiquinhas pegajosas é cantando até elas saírem (caaanta pra subiiir). O mais divertido é q assim vc passa o encosto para outras pessoas ao seu redor. De cantar musiquinhas podres, uma vez fui apelidada carinhosamente pelas minhas maridas de junk box. Además, em Barcelona trabalho num bairro obrero cheio de imigrantes. E por aqui nao tem nenhum Kassab maluquinho que acaba com a alegria de viver dos cartazes em geral.

Situaçao
As saídas do metrô sao um prato cheio da cultura cartazista local, mais os metros dos bairros obreros. Além dos classicos "venda herbalife", "trabalhe desde casa com um telefone e um macaco" e "vende-se apartamento/congeneres", anunciam-se também os grandes shows musicais do mês, dos sucessos equatorianos, astros do reggaeton (trilha sonora da falta de naipe latinoamericana, parente do funk), os tais "bachateros", que eu nao sei bem o que é mas sinto que deve ser uma musiquinha feita com sampler e lertas de corno que toca em algumas rádios, e a música popular brasileira, como nao?. Bem, geralmente, estes felizes cartazes estao espalhados pela cidade in-tei-ra, a tosquidao nao tem limites.

Em março já achava que tinha alguma coisa estranha nesse lugar. "As mulatas do salgueiro e harmonia do samba"... ok, ressaca de carnaval, verde-amarelo berrante no cartaz e claro, as mulatas em seus devidos trajos sumários. E o marido da carla perez.

Mes passado foi foda. Uma sexta-feira de agosto, um calorao, e quem me olha sorridente desde o poste??? Xoelma e ximbinha! Sim, show do Calypso em Barcelona. Na Pacha´s, aquela, das cerejinhas que em sao paulo é super metida a besta. Fui pra casa, fazendo os passos do cavalo manco, cd player mental a todo volume. O chato é q eu só sei uma música...! (Antes que perguntem, nao, eu nao fui no show do calyspo. Eu estava em Berlim e tenho testemunhas)

Agora, todo dia de manhã, quenhé que me dá bom dia desde o poste? nada mais nadamenos que o pai e o tio da uanessa. É. E eles desencadeiam cançoes horriiiiveis que tocam o dia inteiro no cd player mental. Melhor foi o comentario do juan, ouvindo as letras (por que o desespero de exorcisar essas coisas é grande) - Puxa, mas esses caras renunciam totalmente as metáforas...! Poizé, meu filho. Metáfora é coisa pra Chico Buarque.

A rádio junk-box segue com sua programaçao...!

Atualizaçao: colaram um vende-se piso hoje, bem na cara do Zezé. É a sua indifereeeença que me maaaataaaaa....

2 comentários:

Mariana Marchesi disse...

hauhauhauahuauhau! Mas como renunciam às metáforas?? Veja o célebre trecho abaixo, retirado de um crássico da cultura sertanoja:

"E volto a te procurar, nas esquinas de qualquer lugar, de vez em quanto chego a te encontrar num copo de cerveja".

Não amoleceu o coração, bem? E aposto q vai ficar grudada na sua cabeça!

Mariana Marchesi disse...

Bia, faz favor de dizer ao Blogger que eu já fui sua marida e portanto não preciso digitar as palavras mágicas automáticas pra comentar, tá?